XI SINRAD (SOBRADE)

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Veja o que se passou no XI Simpósio Nacional de Recuperação de Áreas Degradadas.

Na semana passada, estivemos  prestigiando o XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradas em Curitiba (PR). O simpósio contou com a participação de profissionais, acadêmicos, professores e pesquisadores de diferentes áreas, como: engenheiros ambientais, engenheiros agrônomos, engenheiros florestais, biólogos, geólogos, dentre outros. Todos com o mesmo intuito, disseminar  e discutir conhecimentos, ideias, vivências e técnicas sobre o tema proposto.

Resolvemos apresentar aqui fatos marcantes para nós no evento e dos principais assuntos abordados.

O simpósio começou com palestras sobre o impacto das mudanças climáticas sobre as atividades de recuperação ambiental. O primeiro palestrante foi o biólogo Fábio Olmos, que abordou como as alterações climáticas podem influenciar a fauna de grande porte, ressaltando a importante dela no ecossistema. Alguns fatos repassados por ele são: 97% dos animais no mundo são aqueles domesticados; A população de ursos na Europa é superior à população de onças-pintadas; e Correlação entre megafauna e número de incêndios florestais (i.e. a megafauna auxilia na redução deles).

Depois foi a vez do Mário de Oliveira do Instituto Politécnico de Leiria (Portugal), o qual comentou sobre a dinâmica do litoral português, pois em função da força da maré, as autoridades portuguesas precisam repor a areia da praia constantemente. Em seguida, o geólogo Juarês Aumond falou sobre paleoclima e como as alterações climáticas podem impactar o Brasil, especialmente em função dos seus diferenciados biomas, e como devemos encarar a atual crise climática, com criatividade, inovação e educação ambiental.

Posteriormente, o engenheiro florestal Miguel Milado abordou princípios de sustentabilidade e governança, além da necessidade de incorporarmos às agendas corporativas a recuperação ambiental e análise de ciclo de vida.

No período da tarde, o evento iniciou com uma mesa redonda onde diversos participantes, de diferentes instituições, debateram as tendências e potencialidades para a recuperação de áreas degradadas no Brasil, apresentando entraves técnicos, culturais e legais.

Na sequência, o engenheiro florestal Antonio Carpanezzi e o engenheiro agrônomo Harri Lorenzi  falaram sobre recuperação de áreas de reserva legal, discutindo sobre critérios para escolha de espécies e sobre uso de PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Eles apontaram para a necessidade do controle de espécies de gramíneas que podem inibir o desenvolvimento da recuperação ambiental e sobre a Politica Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (PROVEG).

Por fim, o engenheiro florestal Sebastião Venâncio Martins finalizou o dia com sua palestra sobre os avanços e desafios da recuperação de áreas degradadas, tais como redução de custos, inovação e novas pesquisas.

No segundo dia, iniciamos com a palestra ministrada pela bióloga Sandra Bos Mikich, a qual abordou as interações entre fauna e flora como instrumentos de restauração ecológica. Ela ainda apresentou alguns estudos de casos como: Danos aos pinus por macacos pregos; Uso de óleos para atrair animais e uso de redes complexas (mutualísticas).

Depois, tivemos a palestra sobre tecnologias de restauração passiva com o engenheiro florestal Fernando Bechara, o qual apresentou o tempo que uma floresta pode demorar para se restabelecer (e.g. Fase 1: 20 a 190 anos – restabelecimento da estrutura; Fase 2: 60 a 500 anos – restabelecimento de espécies; Fase 3: 1.000 a 4.000 anos – restabelecimento de espécies raras) e comparou técnicas de recuperação ambiental (tais como restauração passiva, nucleação e reflorestamento).

Logo em seguida, professor Ademir Reis discursou sobre a necessidade de revermos conceitos, a importância da conservação dos solos e da água nos sistemas ambientais.

Depois tivemos a palestra da engenheira florestal Kelly Cristina Tonello que ressaltou a importância das florestas como produtoras de água, e nos forneceu alguns vislumbres sobre hidrologia florestal. Posteriormente, o engenheiro florestal Ricardo Valcarcel falou sobre as florestas, a dinamicidade dos rios e como a inserção de florestas nos lugares certos pode ser chamado de engenharia.

Rio ao longo do tempo - Rio Ucayali
Rio Ucayali no Peru (https://hinderedsettling.com/2014/03/16/rivers-through-time-as-seen-in-landsat-images/)

E para finalizar a manhã, a arquiteta e urbanista Patricia M. Sanches palestrou sobre áreas degradadas urbanas, sendo elas áreas abandonadas, vazias ou até mesmo subutilizadas. Ela comentou como criamos um novo ecossistemas, o urbano, e apresentou alguns casos de recuperação ambiental urbana (e.g. High Line em Nova York; Toronto Waterfront e Don Valley Brick Works). Ainda na mesma temática, Reinaldo Pilotto falou sobre diversos casos de recuperação ambiental urbana na cidade de Curitiba, como a Ópera de Arame e outros parques.

No período da tarde a Engenheira Biofísica Rita de Sousa falou um pouco sobre Engenharia Natural, de como utilizar materiais construtivos vivos para estabilidade geotécnica e hidráulicas e controle de processos erosivos.

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Exemplo de Engenharia Natural

Na sequência Alberto Ortigão discutiu os fatores que levaram o acidente de Mariana acontecer, detalhando o que é liquefação estática e dinâmica (para tal fenômeno, são necessários 3 fatores, água, material contrátil e um gatilho). Ele ainda propôs algumas soluções, tal como o encapsulamento de rejeitos.

Em seguida, Rodrigo Ordone de Oliveira falou sobre algumas práticas de revegetação, tal como hidrossemeadura e Marcelo Arco-Verde apresentou diversos casos de sucesso de sistemas agroflorestais no Brasil. Por fim, o engenheiro florestal Pyramon Accioly explicou os possíveis usos do geoprocessamento em recuperação de áreas degradadas e a engenheira ambiental Patricia R.M. Fernandes mostrou as atividades realizadas na recuperação da bacia do Rio Doce (afetada pelo desastre de Mariana).

Na quinta-feira, a manhã iniciou-se com as palestras dos engenheiros florestais Nilton José Sousa e Moisés Pedreira de Souza, ambos debatendo sobre a importância de insetos nas recuperações ambientais e se os insetos são indicadores ou apenas pragas.

Logo a seguir, Luiz Antonio de Carvalho falou sobre planejamento de acessos, especialmente estradas rurais. E a geóloga Mônica Peres Menezes abordou a temática das áreas contaminadas da mineração, lembrando que no dia seguinte, também realizamos seu curso com o mesmo tema. Ela abordou os processos geradores de contaminação na mineração, barragens de rejeito, além de alguns procedimentos legais, tal como a Resolução CONAMA 420 e as NBR 15.515.

O engenheiro florestal Nei Rivello continuou as apresentações, mostrando um pouco do dia-a-dia no setor privado, e as melhorias que eles pretendem adotar (e.g. Mecanização do preparo do solo de taludes de corte; Seleção de espécies para revegetação; Controle de animais domésticos; Histórico da Recuperação Ambiental; e Adubação com magnésio).

Por fim, o engenheiro agrônomo Diego A.F. de Freitas falou sobre formas de conservação do solo, os problemas gerados pela erosão hídrica, as voçorocas gigantes do Morro do Ferro, e a necessidade de formarmos melhores profissionais. E essa foi a ultima palestra do evento. No período da tarde, trabalhos voluntários orais foram apresentados, sendo que apresentamos um trabalho sobre avaliação da contaminação de solos construídos por cromo e chumbo.

O evento foi muito produtivo e voltamos para casa com diversas ideias, especialmente em função do tema “Revendo Princípios/ Validando Conceitos”. Conceitos este que nós como acadêmicos e profissionais encontramos no dia-a-dia, como: técnicas de recuperação, áreas degradadas, solo construído, florestas nativas, legislações, água e solos contaminados, bioengenharia, pagamento por serviços ambientais, engenharia natural e muito mais.

Foi um momento de refletir e questionar se nossas técnicas de recuperação, nossos tratamentos ou o que aprendemos na graduação realmente está funcionando ou se não é hora de todos os profissionais, órgãos ambientais e empresas se reunirem e ”trocarem figurinhas”, sobre suas técnicas, ideias e o que venham estudando.

É momento de as universidades e empresas trabalharem juntas com projetos de pesquisas de ponta, pois sozinhos não chegamos a lugar algum. Sabemos que nossa região possui enormes passivos ambientais deixados pela mineração, como a Drenagem Ácida de Mina (DAM), um problema muito sério o qual deixa um extenso passivo difícil de recuperar.

Mas e se a solução para este problema tão sério como a DAM não seja apenas um tratamento, mas todos os tratamentos juntos (físicos, químicos e biológicos)?

Devemos olhar além, o que outros países vem pesquisando? O que tem de novo? O que a academia nos ensinou? E se buscarmos ajuda? A pesquisa ajuda?

A resposta para tudo isso é olharmos um pouco fora da “caixa” e saber que o que a graduação ensina vai muito mais além de livros. Ela envolve teoria e prática, estudos, pesquisas e o mais importante, admitir que não se sabe tudo e enfrentar os desafios que a profissão proporciona.



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Author: Émilin CS

Engenheira ambiental. Têm experiência na área de saneamento e gestão ambiental, buscando soluções usando QGIS e Bizagi. Atua na área de modelagem matemática para rompimento de barragens com software HEC-RAS.

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