Modelos de Proteção da Nascente
Proteger as nascentes é tão importante quanto proteger as margens dos rios. Veja diferentes métodos de proteção de nascentes para garantir a qualidade ambiental desse recurso hídrico.
A evolução da sociedade, proporcionada pelo avanço tecnológico e industrial, bem como a expansão demográfica apresentada nas últimas décadas, trouxeram como consequência a exploração desregrada dos recursos naturais, degradação ambiental e uma série de problemas socioambientais.
Com o intuito de preservar e propor melhorias a qualidade de vida da população, surgiu o projeto Microbacias II. Ele foi desenvolvido pela EPAGRI de Santa Catarina, tendo como objetivo beneficiar as comunidades rurais com dificuldades em obter água em condições básicas de consumo.
O programa era voltado para o desenvolvimento econômico, ambiental e social do território, tendo como principal objetivo a inclusão e a organização dos agricultores familiares mais marginalizados e empobrecidos em grupos, associações e cooperativas, no intuito de criar condições para que eles não migrassem para o meio urbano.
Estendeu-se também às propriedades rurais que intensificaram a exploração dos recursos para assim aumentar a produção de alimentos.
Isso acentuou a pressão principalmente sobre o solo, vegetação e recursos hídricos, vindo a causar problemas de escassez e contaminação das águas.
Para resolver esta problemática, técnicos e órgãos responsáveis criaram sistemas de proteção de fontes superficiais e captação de águas, principalmente as nascentes.
O que são nascentes?
A nascente é considerada um afloramento do lençol freático que dará origem a uma fonte de acúmulo de água (represa), ou cursos d’água (rios e riachos), tendo valor vital dentro de uma propriedade agrícola.
Elas estão localizadas em encostas ou depressões do terreno ou ainda no nível de base representado pelo curso d’água, podendo ser:
- Perenes – de fluxo contínuo;
- Temporárias – de fluxo apenas na estação chuvosa; e
- Efêmeras – surgem durante a chuva, permanecendo por alguns dias ou horas.
Podem ainda ser divididas em nascentes com ou sem acúmulo de água, e o método de proteção adotado varia conforme o tipo (CALHEIROS et.al, 2004).
Métodos de Proteção
No sentido de auxiliar o processo de proteção das nascentes, métodos artificiais de proteção de nascentes têm sido implantados, possibilitando a conservação da quantidade e qualidade da água potável.
Dentre esses métodos destacam-se:
- Captação com Drenos Coberto;
- Trincheiras,
- Tubo Vertical; e
- Modelo Caxambú.
O sistema de Captação com Drenos, conforme Calheros et.al (2004), permite a captação da água em um nível mais elevado que o afloramento natural da água.
O sistema é constituindo por tubos, normalmente de PVC, que conduzem a água por gravidade para ser utilizada. Os pontos de captação são definidos por sondagem ou trado e o comprimento dos tubos dependerá da largura do lençol freático e da vazão desejada.
É também um método pouco utilizado na região, com exceção das bicas d’água à beira de estradas.
Já método de trincheiras é bastante utilizado, especialmente quando o lençol freático está na superfície ou próximo a ela, onde a trincheira deve ser aberta em posição transversal, devendo apresentar uma declividade no sentido da largura para que a água possa ser captada e canalizada.
Para Calheiros et.al (2004), esta estrutura deverá ser fechada a fim de atender ao seu propósito e instalado um ladrão, e neste último, uma tela de proteção que impossibilite a penetração de insetos.
A trincheira terá sua vazão regulada de acordo com o tamanho da escavação dentro da camada permeável; quanto maior a escavação, maior será a vazão.
O método do Tubo Vertical é um tipo de estrutura utilizado em afloramentos situados logo abaixo da superfície do solo, onde é escavado um buraco manualmente ou com utilização de máquina e posicionados tubos de concreto, sobrepostos um ao outro se necessário, para servir de reservatório.
Ao redor e fundo desse devem ser colocadas pedras até a superfície, que receberão uma camada de solo e posteriormente uma vegetação rasteira. É uma estrutura com certa utilização na região.
E por ultimo, o método Caxambu.
Vale destacar que é o método mais conhecido e mais utilizado.
Ele é uma excelente opção de proteção desenvolvida e apresentada pala Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) no projeto Microbacias II.
Ele consiste de um sistema de filtragem natural da água, sendo uma medida que ajuda a preservar a qualidade e a disponibilidade da água para o consumo humano.
Além disso, “evita a contaminação, seja por lixos, agrotóxicos ou por dejetos humanos e/ou animais e diminui a possibilidade de contaminação bacteriológica da água”. (EPAGRI / SC).
É uma tecnologia que melhora as condições de proteção da nascente e influi positivamente na qualidade e na potabilidade natural da água, já que a vertente é uma extensão do lençol freático profundo.
Sua estrutura é composta por um tubo de concreto de 20 cm de diâmetro, contendo quatro saídas, duas para saída de água em tubos de PVC de 25 mm (ou de acordo com a necessidade) por 30 cm de comprimento e outras duas de 40 mm por 30 cm, sendo um tubo para limpeza da estrutura e outra para o ladrão.
O modelo apresenta vantagens como o baixo custo de implantação, dispensa limpeza periódica da fonte, melhor aproveitamento do manancial de água, evita a contaminação biológica das nascentes, diminui a turbidez da água, além de melhorar as características físico-químicas da água.
Porém, não basta somente aplicar tais métodos, é de suma importância que sejam elaborados programas que visem a preservação ambiental das nascentes, principalmente, nas matas nativas ao seu entorno.
Dessa forma, é preciso entender que precisamos das nascentes e, portanto, o cuidado com os bens que nos são essenciais cabe somente a nós.
Referências: CALHEIROS, R. O. et.al. Preservação e Recuperação de Nascentes. Piracicaba: Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios PCJ – CTRN, 2004. 40 p; COMASSETTO,V. et.al. Qualidade da água de fontes superficiais modelo Caxambu em propriedades rurais do Oeste Catarinense . Florianópolis: Epagri, 2011. 29p. (Epagri.Boletim Técnico, 155); EPAGRI, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina. Microbacias 2. 2017; PELLIZZETTI, M. A. Saneamento ambiental . 2 ed. Indaial: Uniasselvi, 2011. PROGRAMA ÁGUA DA CHUVA. Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca. SÃO PAULO. SIGAM.Sistema Integrado de Gestão Ambiental. Disponível em: . Acesso em: 12 jan. 2017; Vídeo: sobre o Modelo Caxambu : https://www.youtube.com/watch?v=w2oe6LGUD58.
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