Areias Contaminadas nas Praias

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Normalmente se preocupamos com a qualidade das águas utilizadas para recreação, mas nos esquecemos das areias. Será que elas nos oferecem riscos à saúde?

É comum no verão sempre vermos noticias sobre a qualidade da água para banho (balneabilidade), mas pouco é comentado sobre a qualidade da areia.

Para quem não conhece, a balneabilidade é a capacidade que um local tem de possibilitar o banho e atividades esportivas em suas águas, ou seja, é a qualidade das águas destinadas à recreação de contato primário.

A balneabilidade é determinada a partir da quantidade de bactérias do grupo coliforme presentes na água, sendo determinada e monitorada, em Santa Catarina, pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA).

Um detalhe bastante importante é que o programa de balneabilidade das praias está estruturado para atender às especificações da Resolução nº 274/2000 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que define os critérios para as águas destinadas à recreação.

É importante ser destacado que a saúde e o bem-estar humano podem ser afetados pelas condições de balneabilidade, sendo que se a qualidade das águas não estiver adequada para banho, ela deverá ser divulgada e as prefeituras ou outros órgão responsáveis devem isolar tais locais.

Mas e quanto a qualidade da areia das praias? Elas são monitoradas? Existe controle? Qual é a periodicidade?

Areias contaminadas

Recentemente, li uma matéria sobre o controle de qualidade das areias das praias do Rio de Janeiro, as mesmas encontram-se sem controle há mais de um ano.

Sabemos que restos de comidas e dejetos de animais podem causar diversas doenças.

Cão andando na areia
Animais são fontes de bactérias que podem causar doenças.

Conforme  matéria divulgada no começo da semana pelo G1As águas da orla carioca continuam sendo monitoradas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Já os boletins com o monitoramento das areias eram divulgados a cada quinze dias pela secretaria municipal de Meio Ambiente. O último foi publicado em outubro de 2015 e, desde então mais nenhuma informação chegou a ser divulgada sobre as áreas de risco nas praias cariocas”.

Quando se detecta na areia a presença de substâncias nocivas à saúde, uma das medidas mais importantes é revolver essa areia para que a luz do sol elimine esses microrganismos.

O infectologista Edmilson Migowiski, em entrevista ao site de notícias G1, destacou que a sujeira das areias possibilita a ação de parasitas. “O contato dessa mão contaminada na boca você pode ter ingestão de vírus da hepatite A e a Giárdia que causa parasitose intestinal“.

Em Santa Catarina…

Preocupados com isso, uma entidade sem fins lucrativos de Balneário Camboriú decidiu custear a coleta mensal de amostras para verificar se há contaminação na areia que possa oferecer riscos à saúde dos banhistas.

Com isso, pelo menos cinco praias do Litoral Norte Catarinense vão passar por uma avaliação química neste verão. O resultado deve ficar pronto em março de 2017 e será encaminhado ao Ministério Público para que assim sejam tomadas as devidas precauções (acompanhe mais sobre a matéria clicando aqui).

A coleta de areia para análise foi realizada na praia Central de Balneário Camboriú, no Pontal Norte, tradicionalmente impróprio para banho.

As amostras foram recolhidas próximas da água e da calçada. A ideia é analisar a quantidade de fungos e bactérias. Destacando que a  coleta será realizada em vários pontos de Balneário Camboriú e nas praias de Itajaí, Itapema, Porto Belo e Bombinhas, uma vez por mês até o fim da temporada.

Existem normas e legislações no Brasil que definem alguns valores máximos permitidos para a qualidade da areia. Então, conforme os resultados apresentados, a gente consegue qualificar a areia em ‘ótima, boa ou ruim’, dependendo da quantidade de bactérias encontradas”, disse o técnico de amostragem Patrick Vailatti para o G1.

Jackson Gilberto Trindade, do Instituto Pronatura destacou que “Queremos que a população saiba quais são as condições reais, porque a areia da praia pode estar pior do que a água. Muitas vezes, a pessoa vem à praia, não entra na água, preocupada com a saúde e fica na areia, que pode prejudicar muito mais”.

Halliday e Gast em um artigo publicado em 2011 para a revista Environmental Science and Technology, salientam a importância do monitoramento continuo dessas areias, pois as areias e sedimentos fornecem habitat para as populações bacterianas e outros patógenos.

Como se prevenir?

Então, enquanto esperamos estas análises e ainda não temos em nossas praias monitoramentos, o ideal é utilizarmos cadeiras, cangas, não sentar direto na areia, evitar aquela brincadeira que as crianças adoram que é ficar enterrado na areia, dentre outras atividades de contato direto com a areia.

Referências:

HALLILADY, Elisabeth; GAST, Rebecca. J.Bacteria in beach sands: an emerging challenge in protecting coastal water quality and bather health. 2011,  15 p. Disponível em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3109870/>;

SITE DE NOTICIAS G1.SC tem análise da qualidade da areia de 5 praias do Litoral Norte no verão. 2016. Disponível em:<http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/verao/2017/noticia/2016/12/sc-tem-analise-da-qualidade-da-areia-de-5-praias-do-litoral-norte-no-verao.html>;

SITE DE NOTICIAS G1. Areias das praias do Rio estão sem controle de qualidade há mais de um ano. 2016. Disponível em:<http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/areia-das-praias-do-rio-estao-sem-controle-de-qualidade-ha-mais-de-um-ano.ghtml>.


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Author: Émilin CS

Engenheira ambiental. Têm experiência na área de saneamento e gestão ambiental, buscando soluções usando QGIS e Bizagi. Atua na área de modelagem matemática para rompimento de barragens com software HEC-RAS.

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